A Polícia Federal (PF) apreendeu uma quantidade relevante de dinheiro vivo na sede do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), no centro de São Paulo (SP), na manhã desta quinta-feira. O mandado de busca e apreensão na sede do sindicato faz parte da nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga os descontos indevidos em aposentadorias do INSS.

O dinheiro apreendido na sede do Sindnapi estava em um cofre, segundo os envolvidos. A PF também levou computadores e celulares que estavam no terceiro, quarto e quinto andares do prédio.

No quinto andar funciona a presidência do sindicato, atualmente ocupada por Milton Baptista de Souza, o Milton Cavalo. No quarto andar fica a agência da cooperativa de crédito Coopernapi, vinculada ao Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil (Sicoob). Já no terceiro andar está a empresa Esférica Assessoria e Sistemas de Informática, pertencente a uma filha do ex-presidente do Sindnapi, João Inocentini.

Além do próprio sindicato, a PF também cumpriu mandados de busca e apreensão na casa da coordenadora jurídica da entidade, Tônia Galleti. O portão da residência foi arrombado, pois Tônia dormia no momento da ação. Além de computadores e celulares, a PF apreendeu veículos no local.

Como mostrou a coluna, Tônia Galleti é amiga do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), demitido por Lula após a deflagração da primeira fase da Sem Desconto, ainda em abril deste ano. Naquele mês, em audiência na Comissão de Previdência e Assistência Social da Câmara, Lupi afirmou que Tônia era sua “amiga pessoal”. No ano passado, ela também postou uma foto com o ministro em seu Instagram, desejando-lhe feliz aniversário.

Ao todo, a PF cumpre 66 mandados de busca e apreensão em sete estados e no Distrito Federal. As ordens foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) — atualmente, as investigações da Sem Desconto estão sob relatoria do ministro André Mendonça.

Como revelou a coluna Mirelle Pinheiro, a operação desta quinta também encontrou uma frota de veículos de luxo. As apreensões incluem carros das marcas Mini Cooper, Jeep, Porsche e Volvo, além de uma moto Ducati, cofres, armas e munições. O material recolhido será submetido à perícia.

Segundo apuração da coluna, o irmão do presidente Lula, Frei Chico, não foi alvo da operação desta quinta-feira.

Outros alvos da operação contra fraudes no INSS

Segundo pessoas ligadas ao sindicato, toda a diretoria da entidade foi alvo da ação da PF nesta manhã. Além das casas de Milton Cavalo e Tônia Galleti, também foram alvos o diretor-tesoureiro, Anísio Ferreira de Souza, e a diretora de Administração, Sônia Maria Pereira.

A PF também cumpriu mandados contra Luiz Antônio Adriano da Silva, diretor do Sindnapi e aliado próximo do deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Recentemente, Luiz Antônio moveu um processo contra Milton Cavalo.

Sindicato diz que “comprovará lisura e legalidade”

Em nota, o Sindnapi afirmou ter sido surpreendido pela ação da Polícia Federal em sua sede “e na casa de seu presidente e alguns diretores”. A entidade disse ainda que seus advogados não tiveram acesso ao inquérito e que “comprovará a lisura e a legalidade de sua atuação”.

Leia abaixo a íntegra da nota:

“O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (SINDNAPI), por meio de seus advogados, manifesta sua surpresa com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na manhã de hoje em sua sede em São Paulo, bem como na casa de seu Presidente e alguns Diretores, em operação deflagrada pela Polícia Federal em nova fase da ‘Operação Sem Desconto’.

Esclarece-se que os advogados não tiveram acesso ao inquérito policial, ao conteúdo das razões da representação policial ou dos fundamentos da decisão que autorizou a deflagração da medida cautelar, mas reitera seu absoluto repúdio e indignação com quaisquer alegações de que foram praticados delitos em sua administração ou que foram realizados descontos indevidos de seus associados.

A exemplo do procedimento adotado nas demais demandas judiciais, o SINDNAPI comprovará a lisura e a legalidade de sua atuação, sempre em prol de seus associados, garantindo-lhes a dignidade e o respeito que são devidos.”

Por Metrópoles